sexta-feira, 16 de maio de 2025

Um clássico revisitado com estilo (e sem modinhas)


Drácula, de Bram Stoker, é daquelas obras-primas literárias que dá gosto chamar de "clássico dos clássicos". Transformou o personagem do vampiro numa quase entidade universal, e não à toa tanta gente já bebeu nessa fonte e a desconstrói em inúmeros formatos. Mas sempre ficava pensando no que poderia sair disso se fosse transposta para a nona arte. Continuaria valendo a pena? Pois é...

Encontro numa livraria menos conhecida do grande público aqui no RJ uma adaptação da obra para o formato quadrinhos, ilustrada por Matt Pagett. Esperava um espetáculo de cores acachapantes ou um visual meio estilo mangá - bem ao gosto das novas gerações -, mas confesso que fui pego de surpresa. 

Deparei-me com um artista que respeita o clássico em todos os níveis possíveis e imagináveis. E isso é raro de se ver hoje em dia!

Esqueçam as adaptações cinematográficas, o clássico da Hammer films, o show à parte da versão dirigida por Francis Ford Coppola... Aqui o artista prefere tons mais sóbrios, em alguns momentos até pasteis, e parte para uma versão mais fiel ao livro. E se sai bem na escolha, é bom avisar de antemão.

Acompanhamos Jonathan Harker viajando para a mansão do Conde e sendo subjugado por sua aura misteriosa. Testemunhamos a barbárie dentro do Demeter, que traz Drácula à metrópole. Fico impressionado com a descrição de Reinfeld, seu dileto escravo, uma das melhores que eu li até hoje. Em suma: me deslumbro com o capricho da edição, sem apelar para arroubos e megalomanias (algo que tem estragado - e muito! - grande parte da cultura pop).

Ao fim da leitura, uma certeza: o mercado editorial merece mais trabalhos como esse, ao invés dessa modinha de adaptações livres e invencionices descabidas, que muitas vezes só servem para estragar o original e produzir modas passageiras. 

Leiam! Vale muito a pena e foge do padrão super-heróis que já cansou a minha paciência faz tempo...

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