sexta-feira, 23 de maio de 2025

R.I.P Sebastião Salgado


Mais uma perda que não dá pra explicar em palavras essa de hoje... Mas, mesmo assim, vou tentar. Seja o que Deus quiser.

Há uma famosa frase que diz que "uma imagem vale mais do que mil palavras" e eu sempre desacreditei dela. Mas, em se tratando do fotógrafo Sebastião Salgado, que faleceu aos 81 anos, em Paris, é difícil não corroborar tal afirmação. Ele era, sim, um narrador das imagens. E para mim cabe no mesmo panteão de grande gênios da fotografia, como Robert Capa e Cartier-Bresson.

Eu sempre me perguntava, toda vez que via as fotos dele em exposições ou livros, como ele conseguia chegar até aqueles lugares, vários deles inóspitos. Muitas vezes parecia impossível só de imaginar a cena. E acreditem: ele sempre voltava com a foto. E que foto!

Entre seus livros publicados, tenho uma predileção doentia por Gênesis. Na primeira vez que eu o folhei, dentro de uma antiga livraria saraiva, cheguei a pensar que fossem montagens feitas por photoshop. Parecia-me improvável, à primeira vista, estar diante de um trabalho humano. Estava redondamente enganado.

Quando assisti o documentário O sal da terra (2014), sobre sua vida e obra, dirigido por Juliano Ribeiro e Wim Wenders, fiquei perplexo com seu nível de exigência e perfeccionismo. E também sua gentileza e modos simples. Na mesma hora me peguei falando: "eu jamais conseguiria construir uma carreira como a dele". Era gigantesco demais tudo aquilo.

Não à toa está sendo homenageado hoje pelos grandes nomes da arte de produzir grandes imagens. Ver as fotos de Sebastião era tão impactante quanto assistir a um longa-metragem realizado pelos maiores mestres da sétima arte. E ele foi muito celebrado no exterior - com todos os méritos.

Perde, com sua partida, não somente a fotografia brasileira (e internacional), como também a arte de uma forma geral. Sebastião Salgado foi um mago das lentes, um fotojornalista afiado e, principalmente, um criador de mundos como poucos. Vai fazer muita falta em tempos tão negros e distópicos como esse em que vivemos. 

Sem comentários:

Enviar um comentário