quinta-feira, 8 de maio de 2025

100 anos de um clássico (soviético e mundial)


Acho uma covardia. Sério!

Muito se fala em meio a cinefilia mundial da grande revolução promovida pelo clássico hollywoodiano Cidadão Kane, de Orson Welles. Do quanto ele levou a narrativa cinematográfica para outro patamar, introduzindo uma nova estética, uma nova forma de se pensar a sétima arte. Honestamente... Deveriam dizer o mesmo, com todas as letras e vírgulas, da extraordinária obra-prima soviética O encouraçado Potemkin, do diretor Serguei Eisenstein. Só que eu não tenho essa impressão.

O filme de Eisenstein é, mais do que um mero longa, um estudo de caso. Sua premissa, que se dá com um protesto por causa de carnes estragadas servidas aos marujos de um navio durante um jantar, o que gera uma rebelião de proporções catastróficas, vai além do mero ato político em si. Indignados com os maus tratos sofridos, eles decidem levar a revolução no navio até a sua terra natal, a cidade de Odessa, transformando o local numa batalha campal.

O encouraçado Potemkin é a primeira obra-prima do cinema que assisti, ainda moleque (acho que tinha uns 13 anos) e até hoje fico deslumbrado - mesmo passado um século de sua existência - com seu pioneirismo e arrojo estético. 

Ele é o melhor exemplo do que eu tenho chamado em conversas com espectadores das novas gerações nos últimos anos de cinema a manivela, sem o facilitador cruel dos efeitos especiais, do chroma key artificial, do inútil 3D e outras intervenções tecnológicas, que só estão interessadas mesmo em encarecer a experiência fílmica.

Mais do que isso: fico imaginando o Eisenstein vivo hoje, realizando essa façanha em meio a um mercado que perde tempo com Barbies, franquias vazias, filmes sobre tênis e brinquedos, além de excessivos engajamentos e empoderamentos rasos. Cá entre nós... Ele ainda seria uma lenda do cinema.  

Potemkin é um clássico soviético, mundial e universal. Deveria fazer parte da vida cinéfila de qualquer amante de cinema que se preze. E ainda assim tem nerdola que sequer o conhece e ainda quer pagar de entendido na área pra cima dos outros. Fala sério! Que esse breve post sirva de motivação para que essa rapaziada dê uma chance a esse épico, tão gigantesco - ou mais - do que E o vento levou. Tem disponível no you tube.


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