quarta-feira, 2 de abril de 2025

R.I.P Val Kilmer


Parece até mentira - por se tratar do dia primeiro de abril -, mas não. O ator Val Kilmer realmente faleceu ontem, aos 65 anos de idade, vitimado por uma pneumonia. E hollywood perdeu mais um grande artista.

Kilmer tinha fama de ator difícil. Bateu boca com Marlon Brando durante as filmagens do remake de A ilha do Dr. Moreau, de John Frankenheimer, chegou a socar uma atriz durante um ensaio, mas polêmicas à parte, nada disso afetou o seu talento inegável. E colegas que trabalharam com ele em diversos longas diziam que era sempre uma experiência única atuar ao lado dele. 

Vi-o na tela pela primeira vez na comédia Top secret!: superconfidencial, dos mesmos criadores de Apertem os cintos... o piloto sumiu! (que era muito exibida nos anos 1980 e 1990 na sessão da tarde, da Rede Globo), mas o ator era, além de um interessante ator cômico, um artista pra lá de eclético. 

No tempo em que as videolocadoras e os cinemas de rua moldavam meu gosto cinéfilo era sempre um enorme prazer assistir aos filmes de Val Kilmer. O Santo, Batman eternamente - sim, ele também interpretou o cavaleiro das trevas, na versão dirigida por Joel Schumacher -, A sombra e a escuridão, Tombstone, o extraordinário Fogo contra fogo de Michel Mann, Amor à queima roupa, Os crimes de Wonderland... A lista é enorme.

Contudo, dois trabalhos em específico marcaram minha relação com o ator de forma mais duradoura. O primeiro, óbvio, é Top Gun - ases indomáveis, de Tony Scott. Muito se fala do Maverick de Tom Cruise, mas sem a presença antagônica de Iceman o filme certamente não teria o apelo que teve. E finalmente The Doors, de Oliver Stone, no qual dá vida de forma quase mediúnica ao vocalista Jim Morrison (para mim, seu melhor trabalho na carreira e até hoje não acredito que ele não ganhou o Oscar de melhor ator pelo filme).

Sua saída de cena após a descoberta de um câncer na garganta em 2015 foi dolorosa para os fãs. E para quem quiser saber mais sobre o período e a barra que ele enfrentou recomendo de olhos fechados o documentário Val, dos diretores Leo Scott e Ting Poo, que mostra o lado humano do artista em meio a tantas provações e dificuldades. Seu último ato interpretando foi uma pequena participação em Top Gun: Maverick, continuação do clássico oitentista.

Ao fim, para contextualizar com esse breve epitáfio: fiquei meio estarrecido com a notícia de que Val Kilmer não procurou ajuda médica por pertencer à ciência cristã, um dogma que não reconhece a existência de doenças e cuja única fonte de cura seja a oração. Ele chegou a afastar até amigos e entes queridos que quiseram ajudá-lo a se tratar. Uma pena!  

Sobra agora a nós, espectadores, manter seu legado vivo para a próxima geração de cinéfilos. E ele tem muita coisa boa no currículo que merece ser revista de tempos em tempos.

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