Vejo a foto de capa da revista Vanity Fair com Pedro Pascal, o ator do momento em hollywood. Na imagem e no título da matéria todos querem um pedaço do ator chileno, sensação nos blockbusters e festivais de cinema. Lembro de quando o vi pela primeira vez numa das inúmeras temporadas da série Narcos, produzida pelo diretor brasileiro José Padilha. E, cá entre nós, não me causou grandes expectativas.
Na verdade, ainda continua não causando.
Sempre tive problemas com os chamados atores-sensação. Na época em que 9 de 10 capas de revistas traziam fotos e entrevistas com o ator River Phoenix, eu pensava sozinho: "quanto exagero!". Com Leonardo DiCaprio entre Romeu e Julieta, Diário de um adolescente e Titanic foi a mesma coisa. Até hoje eu o resumo à O lobo de Wall Street (último grande trabalho de Martin Scorsese na minha mísera opinião) e nada mais. Atualmente, ainda temos o fetiche "Lolito" Timothée Chalamet (que eu considero um dos maiores equívocos da atual hollywood. Tentaram forçar ele nas telas até como Bob Dylan!)
Mas voltando à Pedro Pascal: eu entendo o delírio coletivo. É o latin lover da pós-modernidade ou, a quem preferir, da geração nerd. Fotografa bem, é simpático, tem carisma e sex appeal (principalmente junto à classe feminina, que é o que importa realmente nessas horas) e se envolve em projetos cobiçados pela maior parte de sua geração.
Luca Gaudagnino, Ridley Scott, Ethan Cohen, Pedro Almodóvar, Barry Jenkins, Antoine Fuqua, Zhang Yimou... Todos já o dirigiram (e o elogiaram para a grande mídia). Contudo, eu sempre tenho a sensação de que ele está interpretando extensões de seu próprio carisma - e nada mais. Muitos dirão: mas não era assim com a geração que nos entregou Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Mel Gibson e companhia? Pois é...
O problema: estes, a meu ver, nunca ambicionaram se tornar atores dramáticos de renome. Ao contrário de Pedro e os demais que citei no terceiro parágrafo. E é justamente nesse quesito que começa o problema...
Pedro Pascal é mais um, entre tantos exemplos, de um tipo de artista que nunca torci em hollywood. O do ator que entrega o óbvio, a zona de conforto, traz bilheteria de tempos em tempos, e cansa (principalmente depois que surge uma versão mais nova dele). Antonio Banderas passou por isso não tem tanto tempo assim e quase não ouço mais falar dele. Enfim...
Não pretendo difamar Pedro com meu post abusado, mas sim deixar claro o quanto essa nova hollywood ("cada dia mais internacional", como gosta de apregoar a própria Academia de artes e ciências cinematográficas) se escora no discurso por vezes entediante disfarçado de belo, engraçado e sedutor. Sinto falta - isso sim - de artistas novos que busquem um percurso como o de Gary Oldman, Denzel Washington, Ethan Hwake, etc. Desses, infelizmente, não tenho visto novas versões ou propostas (o que é uma pena).
Só me resta dizer - de novo, e está virando rotina em meus textos nos últimos meses - aguardemos. Só não sei até quando.