Saiu nessa última semana a notícia de que a MTV, agora pertencente ao grupo Paramount Skydance, encerrou suas transmissões em vários países, incluindo o Brasil. Gente chorando, falando em "fim de uma era na televisão" e eu pensando cá comigo enquanto lia a matéria num site de notícias da cultura pop: "ué... eu achei que já havia acabado, faz tempo".
Não digo isso em desmerecimento ao canal, de cuja geração fiz parte. Era (ainda lembro como se fosse hoje) inenarrável voltar para casa depois do colégio e assistir àquela emissora que exibia os videoclipes. Através dela conheci grupos como Extreme, R.E.M, INXS e descobri minha paixão por Whitney Houston e Deee-Lite. Quem nunca viu inúmeras vezes os clipes de 'Freedom 90', de George Michael e 'Money for nothing', do Dire Straits, não faz a menor ideia do que perdeu.
Além disso, era mágico assistir aos shows e entrevistas com os artistas do momento, confessando seus gostos e escolhas de carreiras. A MTV era o complemento musical natural de quem ouvia estações como Transamérica, Rádio Cidade, 89FM e Jovem Pan. Contudo, como tudo de bom que já surgiu na história da cultura pop aqui no Brasil, ela também foi pro ralo.
Com o surgimento do You tube acabava a exclusividade da emissora em exibir clipes e divulgar o mercado fonográfico e isso só fez aumentar com o advento de streamings como Spotify e Deezer. Logo, a MTV precisou transformar sua programação. Resultado: infelizmente, ela se tornou uma emissora como qualquer outra, repleta de programas ruins e personagens canastrões.
Os VJs começam a perder espaço para humoristas completamente sem graça e apresentadores sem o menor critério ou formação no que quer que seja. Aderiram ao execrável formato dos realities e entupiram a grade de um tipo de programação que só fez com que a alienação fosse legitimada dia a dia no audiovisual brasileiro.
Quando as transmissões nacionais chegaram ao seu desfecho em 2013 eu já não assistia o canal há pelo menos 5 anos (provavelmente mais, não lembro o período exato em que larguei a mão). E agora, 12 anos depois, um novo baque, o derradeiro. Entretanto, é preciso perguntar: do que sentirão falta os espectadores da MTV? Da original, nostálgica, repleta de boa música, dos Acústicos (ou Unplugged, como chamavam nas gringas) ou das baboseiras regadas a humor ruim, namoro na tv e canastrões posando de moderninhos e cults, que migraram depois para outras emissoras, exportando a canastrice e piorando a qualidade televisiva?
Aposto que ao final desse último parágrafo vai ter muita gente me xingando, com raiva, porque só conhece o lado pobre e chulo da tv nacional. Sorry! Nem todo mundo gosta disso, não importa quanto ibope isso gere!
Em suma: a MTV acabou de novo. E dessa vez parece definitivo. Uma pena, principalmente para quem aprendeu a gostar de música com eles. Afinal de contas, o nome da emissora era Music Television. O que não dava era pra permanecer produzindo tanta babaquice. A lucidez pode até ter perdido a batalha para a idiotice. Já contra o poder capitalista, são outros quinhentos... Que descanse em paz!
