É impressionante o que essa nova geração vem fazendo com a música nos últimos anos...
A cantora neozelandesa Lorde acaba de lançar seu mais novo álbum e deu a ele o título de Virgin. E isso, após eu ter ouvido todas as faixas, é uma puta ironia. No melhor ou pior sentido da palavra, dependendo de como você reagir às intenções do trabalho.
Em muitos dicionários e sites de busca da internet encontraremos a definição de virgem como algo em torno de "um virgem é uma pessoa que nunca teve relações sexuais. O termo também pode ser usado para descrever algo que nunca foi usado ou explorado, como um terreno ou floresta virgem". E é justamente no trecho marcado em negrito que recai a grande polêmica do álbum.
Virgin, de Lorde, não parece realmente feito por uma artista que ainda não desbravou, explorou ou usou caminho algum. Pelo contrário. Ela defende aqui, em suas letras, ideias bastante afeitas à mulheres já com uma estrada bem definida. Acho até que pelo tema do disco ele merecia uma abordagem menos techno, mais humana (com uma banda). Ela parece aqui, a todo momento, um tanto quanto deslocada da realidade, perdida em meio às próprias emoções. Algo certamente vivido por quem já quebrou a cara, experimentou derrotas ao longo do percurso.
Vejo em suas canções discussões como a ausência de amor e afeto (em alguns casos, até conexão com o resto da sociedade); uma pessoa que usa a fumaça ou espelhos como esconderijos para que os demais não percebam quem ela realmente é; uma renascida após a morte do próprio ego; alguém que não dorme, não sonha, e tudo - absolutamente tudo - faz sua pulsação acelerar; etc...
Talvez eu não tenha entendido as ambições desse novo trabalho, mas... não parece que Virgin seja uma boa escolha para entitulá-lo. Talvez redenção fosse um título melhor.
O problema: Lorde é a cara dessa nova geração de fãs - a tal geração z - na qual tudo incomoda, ofende, irrita e a palavra profundidade parece cada vez mais não ter espaço no meio social. Uma pena. Ela tem uma boa voz, que poderia estar a serviço de uma nova proposta musical (e o mercado fonográfico anda precisando disso nos últimos anos - e muito!). Infelizmente, parece ter preferido a contradição. E nada é mais século XXI do que isso.