O texto de hoje promete ser enxuto, mas de extrema eficácia e utilidade, principalmente para os amantes do bom cinema.
Se eu fosse um admirador de expressões acadêmicas e universitárias - longe disso! mesmo tendo formação em comunicação social sempre procurei um caminho alternativo para colocar o meu conhecimento, distante de esnobismos e beletrismos - diria aqui, neste artigo, em alto e bom som, que A história do cinema para quem tem pressa, de Celso Sabadin (um dos fundadores da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema) é um excelente livro tutorial para amantes e estudantes da sétima arte. Como não sou, prefiro dizer que o livro foi a melhor surpresa que eu tive nesse ano de 2018 até agora. É praticamente um curso portátil, de bolso.
Celso Sabadin posiciona-se capítulo a capítulo - e são capítulos curtíssimos e agradabilíssimos de se ler! - como um professor atencioso e paciente que esmiuça, tema a tema, o básico sobre cinema para aqueles que não fazem a menor ideia do que seja o cinema (sim, existem pessoas assim no planeta terra) e também aqueles que o amam e precisam de um apanhado geral sobre o assunto para depois desdobrá-lo em outras leituras e conteúdos.
Sabadin não esquece de nada: mostra a pré-história do cinema, com suas distorções acerca de quem inventou a sétima arte (foram muitos os "criadores" desta nobre arte ao longo dos séculos e quem pensa o contrário não sabe absolutamente nada sobre o assunto); apresenta os pioneiros e suas tecnologias a princípio primárias de captação (Lumière, Meliès, Pathé, etc); migra para os EUA, epicentro do mercado no setor audiovisual, explicando até mesmo discussões como a guerra das patentes e a formação dos grandes estúdios (Twentieth Century Fox, Columbia, Paramount, entre outras líderes de mercado) bem como as consequências advindas da Primeira Guerra Mundial.
Num segundo momento, direciona seu conhecimento para movimentos cinematográficos ocorridos na Europa e em outras praças (vistas até então como periféricas), como o Expressionismo alemão, o Impressionismo francês, o Realismo soviético, o Neorrealismo italiano, a Nouvelle vague, o Cinema novo aqui em nossas terras, sem se esquecer de seus principais nomes e longas produzidos.
Entre um tomo e outro, não esquece de mencionar a passagem do cinema mudo para o cinema sonoro, o surgimento do filme noir (e seus gangstêres durões, sempre acompanhados das femme fatales maquiavélicas e de uma beleza estonteante), a grande depressão que se abateu sobre a América após a queda da bolsa de Nova York em 1929, a contracultura seguida da nova hollywood (conhecida, em outros livros, como geração easy rider). a chegada da TV e o fim dos grandes estúdios como os conhecíamos até então e otras cositas más.
Como desfecho de raciocínio, o autor coloca em pauta o crescimento do cinema de animação, comenta brevemente a presença de premiações e festivais (como Oscar, Globo de ouro, Cannes, Gramado, Sundance, etc), explica em parte o sucesso financeiro de franquias, continuações e remakes e se despede em alto nível fazendo um apanhado do que aconteceu de melhor no cinema ao redor do mundo (Índia, Nigéria, China, Coréia do sul, Japão, Irã e a retomada do cinema nacional). Ah! Para meu deleite pessoal, um página repleta de fontes e referências bibliográficas, que por si só já valem o dinheiro gasto no livro.
Para não dizer que não senti falta de nada, confesso: ele poderia ter entrado um pouquinho só na questão do streaming e do video on demand que anda tão na moda atualmente com empresas de renome como a Netflix e a Amazon Studios. Mas quem sabe ele não tenha guardado o tema para um outro volume... Façamos figa!
Como definir uma obra como A história do cinema para quem tem pressa? Em meio a tantas baboseiras publicadas no mercado editorial nos últimos anos - que o diga aqueles execráveis livros para colorir e as pérolas do pensamento auto-auda! - é com enorme prazer e respeito que reverencio um livro simples, enxuto (meras 200 páginas) e que entrega aquilo a que se propôe (algo que anda em falta nesse país repleto de bobalhões e falsos donos da verdade).
Faltou dizer alguma coisa? (eu disse que ia ser enxuto). Ah! Bons filmes para vocês.
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