sábado, 25 de agosto de 2018

vai escolher mal assim lá no inferno!


É dose, hein!

A ressaca (The hangover) virou Se beber, não case; inseto (Bug) virou Possuídos; o som da música (The sound of music) virou A noviça rebelde; cruzeiro (Cruising) virou Parceiros do crime; sem noção (Clueless) virou As patricinhas de Beverly Hills;  o caçador de veados (The deer hunter) virou O franco-atirador; lembrança (Memento) virou Amnésia; perdido na tradução (Lost in translation) virou Encontros e desencontros; corrida de ratos (Rat race) virou Todo mundo louco! - uma corrida por milhões; suco de besouro (Beetlejuice) virou Os fantasmas se divertem; rastejador noturno (Nightcrawler) virou O abutre; paternidade (Parenthood) virou O tiro que não saiu pela culatrasozinho em casa (Home alone) virou Esqueceram de mim...

A lista é imensa e eu poderia ficar aqui um século de forma ininterruptamente elencando títulos e ainda assim não conseguiria concluir a lista. 

Não adianta: nossos profissionais que trabalham na área de distribuição cinematográfica precisam rever seus conceitos (quem sabe até mesmo suas formações) o quanto antes. Dar títulos em português para longametragens estrangeiros é tarefa entregue a boçais de primeira grande. Ou a invejosos contumazes do cinema internacional. Somente essas duas designações explicam tanto despreparo na hora de titular uma obra estrangeira em nossas terras. 

Desde moleque eu percebo essa falta de consideração com o público espectador. Nem bem chegara aos 11 anos e os cinemas de rua (espécie em extinção nos tempos atuais) exibiam Batteries not included (baterias não incluídas), uma produção de Steven Spielberg que trazia como protagonistas dois dos idosos que fizeram sucesso por aqui com Cocoon. Aqui no Brasil, ganhou o evasivo título de O milagre veio do espaço. Isso sem contar o hoje cult Tubarão (também de mestre Spielberg) cujo título original é Jaws (mandíbulas).

Se me fosse dada a honra de estudar o cérebro de alguém eu certamente escolheria um profissional desse ramo. Quem sabe tentar entender suas implicâncias e escolhas infelizes. 

Recentemente, com o advento e popularidade dos youtubers (e o setor de sétima arte está repleto de bons exemplos como Meus 2 centavos, Pipocando, Nerd rabugento, etc), muitos críticos online passaram a fazer piadas e mostrar sua insatisfação - de forma bem humorada - com certas "traduções". 

Gozado que os seriados televisivos, mania nacional dos últimos tempos, consegue ter uma trajetória mais feliz, pois muitos de seus títulos estreiam por aqui com seus títulos originais (Homeland, Dexter, Breaking bad, American horror story, The middle, The big bang theory, etc etc etc), para deleite de seus fãs, evitando assim quaisquer polêmicas e reclamações. 

Pergunto-me se não será por conta disso que grandes empresas produtoras de cinema preferem lançar seus títulos - ou às vezes subtítulos - no idioma original (por ex: O exterminador do futuro: gênesis, Maze runner, etc). Não gerar desconforto para si mesmas quando forem resenhadas por críticos do ciberespaço? É sempre uma boa opção. 

Talvez um dia evoluamos nesse sentido. Ou talvez eu esteja somente divagando à toa, porque este país macunaímico se recusa a mudar desde que eu me entendo por gente. De concreto mesmo é que as escolhas de títulos ruins já viraram uma marca registrada (quase uma lenda urbana) de nosso mercado exibidor. E nada se faz para mudar isso. Também: o que esperar de um setor que prefere chamar para dublar animações da Disney comediantes rasos como Felipe Andreolli e Marcos Veras e pessoas públicas tão vazias quanto Bussunda e Heloísa Perissé? Quando todo o processo é discutível, esperar que o desfecho seja bom é pedir demais...

Só resta a este colunista o óbvio e derradeiro desabafo: vai escolher mal assim lá no inferno!

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