Três décadas de Jurassic Park, de Steven Spielberg, é isso mesmo? Mas tem certeza? Refaz os cálculos aí, hein!!! Hã? Ih, não! Parece que... Não, tá certo, é isso mesmo. Quem diria... Parece até que foi ontem que eu estava naquela fila gigantesca do cinema e só consegui ingresso para a sessão das 19h30 (pior: ainda tomei esporro dos meus pais por ter chegado tarde em casa).
Lembro de cada detalhe, de cada minúcia, de cada susto, de cada aparição do Tyranossauro Rex e dos Velociraptores. O dr. Hammond (Richard Attenborough) convida o casal de paleontólogos Grant (Sam Neill) e Ellie (Laura Dern) para conhecer - na verdade, fiscalizar - o parque, enterrado no meio da Costa Rica, pois somente assim conseguirá a licença para operá-lo. Lá, o casal encontra o matemático - e excêntrico - Ian Malcolm (Jeff Goldblum). E juntos, eles viverão o pior dia de suas vidas.
Como pano de fundo: interesses escusos, ganância e um funcionário corrupto que promete roubar amostras das espécies para os concorrentes da InGen, empresa que sintetiza os dinossauros. Resultado: o copo entorna de vez e os animais tomam o controle da instalação. Recomendo, inclusive, a leitura do romance homônimo, escrito por Michael Crichton (e um dos roteiristas da adaptação para o cinema), que traz um desfecho ainda mais interessante do que o do filme. Procurem nas livrarias!
Jurassic Park é um exemplo vivo - e magnífico - do porquê Spielberg já foi chamado no passado de "o rei das matinês" (na época de seu outro clássico, Tubarão). E, cá entre nós, nada parece ter mudado muito depois de 30 anos, tendo em vista que sua relevância de lá pra cá até aumentou em alguns sentidos.
O longa se tornou um complemento importantíssimo e definitivo para este que vos fala que, quando garoto, assistia na tv aberta o seriado O elo perdido, e ficava meio indignado com a aparição deficitária (vamos ser francos: malfeita mesmo!) das criaturas pré-históricas. Eu me perguntava toda vez que um episódio terminava: será que um dia veremos isso recriado em alta definição? Sim, tio Steven, meu muito obrigado. Hoje e sempre.
Jurassic Park é um épico além da pré-história, de uma força que eu próprio não sou capaz de dimensionar. Tanto que, infelizmente, nenhuma de suas continuações teve o mesmo êxito (pelo menos, para mim). E não me refiro à bilheteria ou impacto de mercado. Falo do resultado final mesmo, da estrutura narrativa. O longa original de 1993 consegue ser um hiato, uma bola fora da curva dentro do seu próprio universo estendido.
Lembro de quando Jurassic World: domínio estreou nos cinemas e a crítica Isabela Boscov disse em seu canal no you tube uma triste verdade: que por mais surreal que parecesse, os dinossauros da franquia haviam se transformado em meros adornos dentro de uma história confusa e cheia de exageros. Ela foi cirúrgica nesse ponto e eu tenho exatamente a mesma impressão. Só que em todas as continuações.
Uma pena, eu sei... Mas espero que fique o aprendizado disso para o estúdio que produziu essa relíquia. Nem tudo tem a ver com cifras, grandiosidade, megaproduções, sequências, spinoffs, franquias. E no mundo de hoje, ostentatório por si só, ser simples e prático parece uma missão cada vez mais impossível.
Hollywood precisa (voltar) a entender que uma história chegar ao seu desfecho não é o fim do mundo. Às vezes ela não precisa de desdobramentos inúteis só para faturar um pouco mais às custas dos espectadores. E isso também é prova da inteligência de quem criou essa história. Entendeu?
Puxada de orelha à parte, se puderem vejam - ou revejam - essa pequena joia. Ela merece.
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