Os 50 anos da série vaga-lume, publicada pela Editora Ática, completados poucos dias atrás, me fizeram reviver um sentimento que há muito tempo eu não tinha (pelo menos não de forma tão apaixonada): o da minha eterna - e doentia - relação com os livros, que começou quando eu mal tinha 10 anos de idade.
O ano é 1973 e um grupo de visionários (pois é assim que quero me lembra deles) decide lançar uma coleção literária voltada para o público jovem. Detalhe: as sinopses criadas pelos autores eram enviadas a escolas do então segundo grau para que os alunos fizessem sua apreciação. Se gostassem, as obras eram desenvolvidas. E algumas delas se tornaram best-sellers!
Marcos Rey, autor que mais publicou na coleção (16 títulos) dizia que "o importante era ganhar o leitor nas primeiras páginas, senão ele abandonava o livro em algum canto". E eu tinha essa exata impressão desses exemplares. Eles me ganhavam de cara, com uma enorme facilidade.
Jovens detetives, contatos extraterrestres, mitologia indígena, paranormalidade. a vida dos boia-frias, fadas, espíritos que assombravam, náufragos... Os temas eram os mais diversos e quanto mais eles possuíssem ligação com a nossa faixa etária, melhor.
Éramos Seis (que ganhou cinco adaptações para a tv), O escaravelho do diabo (adaptado para o cinema em 2016), A ilha perdida (recordista de vendas da série com 5 milhões de exemplares), Açúcar amargo, Um cadáver ouve rádio, O feijão e o sonho, O caso da borboleta Atíria, Menino de asas, Sozinha no mundo, A turma da Rua Quinze e Spharion estão entre os meus preferidos e me fizeram companhia diária por praticamente uns 8 anos.
Mas a coleção, é claro, tem bem mais títulos do que isso. São mais de cem, lançados entre dois e cinco por ano, dependendo da realidade financeira do período.
A mesma editora, inclusive, chegou a lançar uma outra coleção também de enorme sucesso, a Para gostar de ler, esta trazendo contos e crônicas de autores clássicos como Machado de Assis, José de Alencar, Fernando Sabino, João do Rio e tantos outros.
Mas não fosse a vaga-lume eu jamais teria me tornado o leitor fanático que me tornei. Cara... 50 anos! E eu nem tenho isso de idade. E o público leitor continua lembrando disso até hoje.
Realmente não dá pra entender quem acha que literatura é perda de tempo...