segunda-feira, 13 de março de 2023

Oscar 2023 é pop (e ponto final).


Entre o metaverso (assunto-modinha na boca dos cinéfilos pop) e comebacks, aconteceu ontem a entrega do Oscar. E a sensação que me ficou foi: o cinema ganhou outros contornos - mais descartáveis - daqui pra frente. 

Tudo em todo lugar ao mesmo tempo, dos Daniels, para a alegria dos nerds e fãs da sétima arte mais pipoca, faturou 7 prêmios incluindo melhor filme. Injusto a meu ver, num ano em que haviam os exuberantes Tár, Os Fabelmans e Nada de novo no front (que, aparentemente, eu pareço fazer parte de um grupo do qual poucos gostaram; preferiram chamá-lo de "velho" ou "ultrapassado". Cada um com seu gosto!).

Foi um ano para celebrarmos atores e atrizes esquecidos ou por injustiças ou pela mera capacidade da Academia de esnobar quem lhe convém. Foi assim com Brendan Fraser - que teve toda minha torcida desde o início da temporada de prêmios -, Ke Huy Quan e Jamie Lee Curtis (esta última numa vitória questionada por muitos que preferiam Angela Bassett). 

Meu tio Guillermo del Toro faturou melhor animação por Pinóquio e eu adorei (acho indigesto o lobby da Disney todo ano nesse departamento e o representante deles era horroroso). Digo mais: quando ele fez seu discurso de agradecimento levantei-me do sofá para aplaudí-lo. O cara é foda! 

Até o burrico do filme Os Banshes de Inisherin deu as caras na cerimônia e achei-o mais expressivo do que o sem-graça do host, Jimmy Kimmel (nunca vi nada nele que merecesse um convite para ser anfitrião do Oscar). Bizarro mesmo - mas não no mau sentido totalmente - foi Cocaine Bear acompanhando a atriz e diretora Elizabeth Banks. Não sei mais o que esperar do filme. 

Entre os momentos que o público mais aguardava, ansioso, boas notícias: Rihanna e Lady Gaga deram o recado em apresentações elogiadas e no caso da nova Arlequina - dada sua magreza visível para interpretar a personagem - confesso: estou mais ansioso por Joker 2. Ela está realmente envolvida com o projeto. E ao lado do Phoenix, que é foda, só posso esperar coisas boas... Ah! Faltou dizer que Natu Natu, a canção do ano, levou a estatueta para a Índia (p.s: procurem pela apresentação da música no you tube. Não tinha mesmo como eles perderem!).

As tristezas (sim, não dá para deixá-las de fora): Cate Blanchett, avassaladora, perdeu para Michelle Yeoh. Meu outro tio, Spielberg, também saiu de mãos abanando. E esqueceram de mencionar no In Memoriam, que teve Lenny Kravitz cantando, a filha do Elvis e a atriz de O triângulo da tristeza, morta aos 32 anos sem sequer ver o filme ser indicado ao prêmio. Não, é sério. A academia esqueceu de incluí-las na lista. Não é só no Brasil que rolam essas vergonhas.

No mais, teve Malala num momento constrangedor, a ausência do Tom Cruise na festa e, claro, a Ásia fazendo o rapa e, por conseguinte, obtendo sua redenção na indústria americana de cinema. O Oscar é pop, tem que aturar.

Mas como bem dizia saudoso Rubens Ewald Filho, "depois que passa o Oscar é hora de falar mal do filme" e muita gente, é bem verdade, não gostou, achou exagero, disse que a premiação está se perdendo em meio a lobbys e campanhas, li até um dizendo que a barca já afundou faz tempo. E, em muitos aspectos, faz sentido a crítica.

O meu receio é que a cerimônia se transforme numa sucursal desse mundo tik tok instantâneo, dessa sociedade videogame competitiva em que vivemos, onde o que interessa é o lucro e o imediatismo. E que a arte e o cinema virem artigos em extinção ou de segunda categoria. 

Enfim... Só o tempo dirá se a mudança ocorrerá ou tudo não passa de um caso isolado. Agora só em 2024. 


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