domingo, 19 de janeiro de 2020

Idade mídia


É... Não tá fácil, não! E tá piorando dia a dia...

Enquanto milhões de brasileiros na internet repudiam as declarações do (agora) ex-Secretário de Cultura do atual governo, Roberto Alvim, que citou apaixonadamente o ministro nazista Joseph Goebbles em seu discurso dito patriótico, eu me deparo com um exemplar de Da idade média à idade mídia numa das lojas da livraria Saraiva e fico, lógico, mais interessado na segunda parte do título. 

Vivemos, para a nossa infelicidade (sim, eu falo no plural e acredito que muitos de meus leitores concordarão comigo), uma era de televisionamentos, de gente querendo a fama pela fama, de holofotes exibindo pessoas medíocres que se vendem como "formadores de opinião". 

Dê uma boa olhada nos canais do you tube (a grande maioria deles). Dê uma boa olhada nas matérias "jornalísticas" de certos "repórteres". De uma boa olhada na programação da tv aberta (e, se possível, da fechada também). Refiro-me, claro, a produção de cunho nacional. Vamos. Deem uma olhada em tudo. Só um pouco. Não é para passar a semana inteira por lá, não. 

Se forem pessoas minimamente lúcidas, ficarão - como eu - estarrecidos diante da grande esculhambação que virou a vida privada e pública. 

A idade mídia, com suas garras inconsequentes e voltadas para a manutenção de uma sociedade alienada e condizente com projetos sórdidos de poder, não só veio para ficar como veio, ficou, produziu filhos que, por sua vez, também já produziram a sua própria prole. 

Seria cômico, se não fosse trágico. Nem mesmo as tragédias gregas se comparam a tamanha desfaçatez. 

Youtubers falastrões, defensores de ideais que pregam a diversidade, o empoderamento, o novo feminismo, os movimentos LGBTQ... (eu nunca sei se essa sigla já aumentou de novo ou não!); âncoras televisivos tendenciosos, com expressões e vestimentas típicas de quem quer enrolar o espectador a qualquer custo; os autores de autoajuda., com suas caras de babacas bem sucedidos, figurando em centenas de listas de best-sellers; tabloides sensacionalistas que mesclam nudez com palavreado chulo; todos, sem exceção, querem a sua atenção. 

Mais do que isso: querem o seu compromisso de fidelidade eterna às suas visões de mundo deturpadas. E estão conseguindo. Afinal de contas, não perdemos nossa condição de um dos povos mais ignorantes do mundo por causa do resultado das últimas eleições.

Stanislaw Ponte Preta estava certo: o Febeapá (ele sempre esteve por aí). Nelson Rodrigues estava certo: "é a revolução dos idiotas". E eles sempre estiveram em maior número. Meu pai estava certo: "eu tenho medo é do que ainda vem por aí nessa República de bananas disfarçada de país sério para gringo bater palma". 

E não há curva na estrada de Santos, como cantou Roberto, ou luz no fim do túnel que se apresente, que nos mostre um novo caminho. Nos tornamos mercadorias, personagens esdrúxulos de uma obra artística lamentável, primária, feita por amadores, voltada para idiotizar amebas sociais que se dizem seres humanos.  E aprendemos a amar toda essa distorção de valores.

Meu Deus!!!

É agora que eu desço do ônibus ou o meu ponto já passou e eu nem percebi?

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