Na quarta-feira dia 10 de julho a revista Forbes realizou mais um de seus "levantamentos" envolvendo a vida financeira de famosos e celebridades dos mais diversos setores ao redor do mundo. E chegou à conclusão de que a celebridade mais bem paga do mundo hoje é a cantora Taylor Swift. Pergunto-me e também aos leitores de meus artigos: o que isso nos diz sobre a indústria cultural e o mundo em que estamos vivendo?
Honestamente? Que escolhemos ser uma sociedade vazia e baseada em beleza e sucesso.
Não sou fã da cantora Taylor Swift (e acho que já deixei isso bem claro no curto parágrafo anterior) e, na verdade, não considero sua carreira digna de tanta relevância assim. Procuro por seu perfil no IMDb - o internet movie database - e vejo que ela fez uma aparição apagada no longametragem O doador de memórias, de Phillip Noyce (digo apagada porque, honestamente, nem me lembrava da participação dela no filme), participou da trilha sonora de Jogos Vorazes (que lançou a hoje famosa Jennifer Lawrence), realizou uma série de videoclipes que certamente os adolescentes adoram e recentemente participou de uma adaptação do musical Cats para o cinema (ainda em fase de pós-produção).
Dito isto, fica a pergunta: de onde vêm tamanha popularidade junto aos fãs?
Em alguns de seus clipes que assisto no you tube vejo que ela sabe flertar com seu público (no caso, o teen) com extrema facilidade. Ela fala a língua dos jovens como ninguém. E mais: é uma das artistas mais requisitadas para propagandas nos EUA. Em outras palavras: é aquilo que a indústria cultural vêm chamando nos últimos anos de it girl ou uma "imagem a ser comprada pelos clientes/fãs".
E é nesse exato momento que o sentimento de tristeza toma conta de mim. Infelizmente vivemos num mundo que classifica a palavra relevância para o mundo sob a ótica financeira. Você é aquilo que você produz, aquilo que você transforma em fama e dinheiro. Do contrário, nunca sairá do ostracismo.
Cultuamos mercadorias vazias, efêmeras e Taylor Swift é ponta de lança nesse quesito. Aliás, a lista da Forbes a qual lidera está repleta de figuras igualmente vazias mas notoriamente célebres: Neymar, Kayne West, Ed Sheeran... Melhor até parar por aqui!
Chegamos àquela terrível curva da estrada em que a humanidade perdeu completamente a noção de valor (respeito e ética, então, é para colecionadores!), preferindo a zona de conforto oferecida pelo capitalismo exacerbado e selvagem e que muitos acreditam é capaz de responder à todas as questões e desafios propostos pelo mundo.
Faça um teste com seus amigos de longa data, colegas de trabalho, de faculdade, conhecidos perto da rua onde moram: peçam-lhes para definir o que é relevância no mundo de hoje. Provavelmente ficarão arrasados com as respostas e, caso ainda permaneçam cidadãos íntegros, ilibados, preocupados com o futuro do mundo.
Deprimido com a escrita dos últimos parágrafos chego à conclusão de que é melhor parar por aqui, pois não decidi escrever sobre o tema para me sentir pior como ser humano ou para dar um tiro na minha própria cabeça. Pelo contrário... Acho curioso uma sociedade que fabrica ídolos tão artificiais como Taylor e depois finge preocupação com o planeta terra (que o diga, aqui no Brasil, essa história do fim das sacolas plásticas nos supermercados!).
Todos querem o deslumbre, a magia, a fantasia proporcionada pelo celebritismo. Mas esquecem do preço que estamos pagando ao idolatrar esse tipo de gente que nada faz pelo resto do mundo. Satirizando Aldous Huxley, "que admirável mundo novo esse nosso!".
P.S: lembrei de um detalhe aqui agora - pra quê serve mesmo a Forbes, hein? Pois é...
P.S 2: este artigo quase se chamou a nova Britney Spears, mas eu não quis criar ainda mais polêmica.
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